A inadequação do lado de fora
- Paulo Kendzerski
- 26 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de fev. de 2022
Por Carolina Russomanno

Para a maioria dos executivos que vivenciam um processo de transição de carreira, existe um sentimento comum a esta fase chamado inadequação. Muitos descrevem como um sentir "a margem" ou "um peixe fora da agua" por terem consciência que estão vivenciando algo, muitas vezes novo, mas, ainda não sabem para onde ir e nem como.
Uma desconexão entre o que provaram fazer ao longo da carreira e o que esta sendo vivenciado, um verdadeiro desencaixe misturado com uma sensação incomoda de não pertencer, que vai afastando quem passa por esse processo de si mesmo. O que só aprofunda a sensação.
Foi exatamente o que eu ouvi em uma sessão algumas semanas atrás, da boca de um executivo com uma trajetória super interessante. Experiência de mais de 14 anos em multinacionais renomadas e uma carreira excepcional, que foi evoluindo de forma bastante consistente, encerrou o seu ciclo dentro de uma destas empresas e esta fora do mercado.
Ele me descreveu sentir diariamente uma sensação de inadequação com algo que ele definiu ser um certo "estranhamento" em relação a si mesmo como profissional, como se tivesse perdido a referência interna.
Uma outra profissional, também com uma carreira bastante consistente, me contou que não se enxergava na sua roupagem executiva do passado porque, não queria mais atuar exatamente como a gestora que fora até aquele momento e nem pertencer a empresas com a cultura e a gestão que havia vivenciado. Embora tivesse algumas certezas sobre o que não queria mais, a sua visão estava curta e não conseguia ver os próximos passos por sentir que emocionalmente estava abalada e o seu racional não conseguia traçar um plano para evoluir para a próxima fase.
Totalmente natural. Eu costumo dizer que não existe processo de transição sem transformação. Este é o momento onde vem a tona uma série de questionamentos e ideal para colocar o dedo na ferida, rever como tem sido a atuação profissional e os desafios ao longo da jornada. Também o momento de rever valores e propósito.
Voltar ao eixo. Não de forma metafórica, mas, real. Se reencontrar no sentido de valorizar e ter orgulho da trajetória e descobrir atividades que possam satisfazer outros momentos que não só os de trabalho, criando novamente um alinhamento consigo mesmo. E isto é a base consistente para um processo de transição bem feito!
Refletir sobre si mesmo e se autoconhecer é imprescindível. Sentir-se inadequado por um momento passageiro ou situação de carreira pontual que se esteja passando, não é produtivo. Se estamos encaixados com nós mesmos, nunca seremos inadequados. A adequação que se busca fora, deve estar do lado de dentro e daí que virá a grande transformação.
Não é um caminho fácil. A parte #positiva do #processo é que quando este sentimento de se sentir inadequado toma conta, ele serve quase como uma mola propulsora para que a cabeça restabeleça uma fresta de #razão suficiente para ir aos poucos retomando o centro e questionar "então onde devo estar e o que eu realmente quero fazer?". E a #mudança começa a tomar corpo.
Sobre o executivo que citei, ele esta caminhando bastante bem no processo, e tem corajosamente encarado todos os questionamentos para poder encontrar, dentro de si e consigo mesmo, a melhor versão profissional de si mesmo.
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